terça-feira, 27 de março de 2007

Símbolo do tropeirismo


Foto: Tatiana Alcalde

Josias Mendes Florêncio, tropeiro por 50 anos, faz jacás (também chamado de balaio) para incrementar a aposentadoria. Foi alçado símbolo do troepirismo em Silveiras (SP) e na região do Vale Histórico, tanto por sua habilidade "tropeira" quanto por seu carisma e desenvoltura em passar seus conhecimentos.


Um pouco de história não faz mal a ninguém

Durante séculos a riqueza do Brasil colônia circulou nos cascos das mulas. Junto com as entradas e bandeiras, os tropeiros expandiram fronteiras, criaram vilas e cidades e integraram um país imenso.
Se não fossem eles, a fome que assolou a região mineradora no fim do século 15 e começo do século 16 teria dizimado todos que foram às Minas Gerais atraídos por ouro e diamantes.
A salvação veio no lombo das tropas, que circulavam transportando alimentos. Os tropeiros chegavam trazendo comida e saíam carregados de ouro, seguindo em direção aos portos do Rio de Janeiro e de Parati. De lá, voltavam com produtos manufaturados vindos de Portugal.
Com tanto vai e vem, plantaram pelo caminho "pousos" em pasto aberto, que depois se transformaram em "ranchos". Tais abrigos foram ponto de partida para a formação de vilas e povoados. Por exemplo, o nome Silveiras vem do Rancho dos Silveiras, família considerada fundadora da cidade.
No entanto, a importância do tropeiro vai além do transporte de riquezas ou cargas. Ele propagou a língua portuguesa, levando notícias e "causos" a lugares distantes e influenciou a linguagem com expressões e provérbios falados ainda hoje. Nos "ranchos" e nas viagens nasceu a cozinha caipira. Nos jogos, com o jogo de truco, na música, chamada moda de viola, e na dança, com a catira e a cana verde, também há influências do tropeiro.
A partir do movimento das tropas e de suas necessidades surgiram novas profissões, como o peão domador, o ferrador, o seleiro, o rancheiro, e uma espécie de veterinário, chamada de aveitar.
Os tropeiros garantiam a própria sobrevivência durante a viagem com feijão, farinha, toucinho de porco, arroz e rapadura para adoçar o café. Como não havia supermercado no meio do caminho, quando a fome apertava, a solução era se virar com o que fosse possível, como os bichos-de-taquara.
Com os tropeiros e suas atividades, passadas de pai para filho, a exploração das jazidas de ouro e diamantes foi possível e a atividade pecuarista se alastrado para outras regiões do país.
Josias Mendes Florêncio faz parte dessa história, assim como tantos outros tropeiros, que mesmo aposentados preservam viva uma cultura, em uma região que hoje vive de lembranças das glórias do passado e luta para manter-se viva.
Você deve estar se perguntando "o que acabou com o tropeirismo?". O automóvel. As estradas. O progresso, caminho natural da vida, dos povos, da história.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pucha que texto oriveu