segunda-feira, 30 de abril de 2007

Travessia


Foto: Tatiana Alcalde

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas... Que já têm a forma do nosso corpo... E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... É o tempo da travessia... E se não ousarmos fazê-la... Teremos ficado... para sempre... À margem de nós mesmos.”
(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Os santos dos tropeiros


Foto: Tatiana Alcalde

A religião está presente na cultura tropeira e mescla os ensinamentos católicos com crendices populares e formas próprias de adoração.
Três santos são considerados protetores dos tropeiros. São Benedito, São Sebastião e Santa Rita. De São Benedito diz-se que tinha uma tropa de mulas, todas pretas. Já, São Sebastião tinha uma de mulas vermelhas.
A Missa do Tropeiro, celebrada ao ar livre durante a Festa do Tropeiro, apresenta um aspecto peculiar. Os cânticos são em ritmo de moda de viola sertaneja ou moda de viola.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Festa do tropeiro: festa caipira e de peão boiadeiro


Tropa e tropeiro aguardam o início do Desfile de Tropas ou Cavalgada, uma das atrações da Festa do Tropeiro.
Foto: Tatiana Alcalde

A resposta à pergunta talvez seja que tudo é uma coisa só. Veja a situação.
Um pouco perdidos por não saber o roteiro da Festa do Tropeiro, vamos até o coreto onde havia uma grande faixa com "Informações Turísticas".
Como ninguém é de ferro, aproveitamos para perguntar onde poderíamos comer. Com a resposta rápida e curta, os jovenzinhos nos indicaram o Casarão Tropeiro, logo à frente, e nos entregaram um folheto com a programação da festa. Nele constava feiras de artesanato, comidas típicas, venda de santos, "shou" e shows. O erro na grafia foi informado antes mesmo que pudéssemos percebe-lo.
Porém, o que nos chamou a atenção foi a foto ilustrativa de um peão de boiadeiro montado num cavalo e o destaque para o show de Frank Aguiar.
Outro detalhe curioso: na parede do restaurante em que almoçamos, seguindo a dica da rapaziada, havia uma série de cartazes da Festa do Tropeiro desde a segunda edição, ocorrida em 1981.
Em todos eles a figura destacada é o tropeiro. E a forma mais usada para representar o tropeiro era o desenho. A fotografia passou a ser usada em cartazes recentes, como o da 21ª edição, do ano de 2001.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Um sorriso e uma careta


Foto: Tatiana Alcalde

"Ah! Agora você está perigosa, está armada". Esse foi o comentário que ouvi de um amigo fotógrafo quando soube que eu acabava de comprar uma lente Canon 75-300 mm.
Porém, não me senti "armada" ao circular no meio da multidão pelas ruas de Silveiras (SP), durante a Festa do Tropeiro.
A lente não intimidava, pelo contrário, atraía olhares curiosos, tímidos, observadores. Não havia como passar desapercebida.
Olhar as pessoas e os acontecimentos ao meu redor por meio de uma lente não foi obstáculo para interagir com o que foram focalizados.
Essa foi uma experiência carregada por lembranças de sorrisos, caretas, conversas e pessoas que andavam pra lá e pra cá para fugir da lente.
Entre tantas reações, guardo a de duas meninas. Ao perceberem que estavam sendo focalizadas pela câmera, riram tímidas, olharam uma para outra, e entendendo-se pelo olhar começaram a fazer caretas. Há também a do homem que começou a tocar pandeiro com mais animação e depois pediu um trocado para molhar a boca no boteco da esquina. E há a reação de duas mulheres. "Olha! Vai sair na Globo", disse uma delas. Vieram me perguntar quando iria aparecer na telinha da Globo e em qual programa. Motivo: queriam que o chefe assistisse e assim confirmasse que realmente tinham ido à Festa do Tropeiro. Nesse caso, toda tentativa de explicação foi frustrada.
O homem pode fazer da câmera um escudo para si ou uma ponte para interagir com quem está do outro lado.
Não há um poder mágico que a lente exerça sobre as pessoas. Prevalece, em quem opera a máquina, o desejo de ver por um novo ângulo.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Ele veste a camisa


Foto: Tatiana Alcalde


Caipira: homem do campo; do interior; roceiro; indivíduo acanhado; tímido; tabaréu; caiçara; capiau. (Dicionário brasileiro Globo)

Era dia do For-Mula, a corrida de mulas que tradicionalmente acontece em Silveiras durante a Festa do Tropeiro.
Não era preciso pagar ingresso. Bastava entrar, puxar uma cadeira e sentar no chão mesmo.
Os únicos assentos disponíveis para os espectadores eram feitos de terra e mato, acompanhados de alguns carrapatos se você fosse o sortudo da vez.
Totalmente caipira.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Uma corrida diferente


Foto: Tatiana Alcalde

Não havia o roncar de motores, somente o zunido de insetos. Era a For-Mula.
O quê? É! For-Mula, uma corrida de mula, responde o rapazinho.
Um evento que atraiu muitas pessoas da região de Silveiras (SP) e do Vale Histórico, além dos curiosos, como eu. Ele acontece em agosto, durante a Festa do Tropeiro.
Esperamos duas horas pelo início da corrida nos únicos assentos do circuito, terra e mato, acompanhados de carrapatos e torcedores ora irritados com o atraso, ora animados com o aquecimento dos bichinhos e dos montadores.
Podia ouvir comentários dignos de torcedor que é membro da família do competidor, o típico palpiteiro, e outros dignos de locutor entendido no assunto. "Por que ficar judiando do animal antes da corrida?!". "Coitado, assim o animal ficará cansado e quando chegar a hora de correr pra valer, a mula empaca!".
Nos últimos preparativos para a corrida, alguns homens demarcavam o circuito com varas. Se um competidor ultrapassasse duas vezes o limite demarcado, era automaticamente desclassificado. Fato esse que aconteceu pelo menos três vezes.
Outros corredores nem chegaram a completar a prova por não conseguir domar a mula.
Foi divertido.

domingo, 1 de abril de 2007

Café tropeiro


Foto: Tatiana Alcalde

Você já provou café tropeiro?
Não sabe o que está perdendo!
Diferente do café que estamos acostumados a fazer (a maioria de nós, pelo menos), o café tropeiro é preparado sem coador.
Quem nos conta a receita é Maria Mendes, prima do tropeiro Josias Mendes Florêncio.
Primeiro, ela coloca a água para ferver no fogão a lenha. Quando estiver fervendo, adiciona o pó de café. Depois de misturar bem, ela retira do fogo um pedaço de carvão em brasa e coloca no café, mexendo um pouco. Espera o pó baixar e serve.