sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vendedor às avessas

Você já chegou em uma loja e a conversa do vendedor te desestimulou a comprar o produto que ele deveria, na verdade, estar vendendo.
Normalmente seria o contrário. O interessado em fazer a venda pintaria o produto com as melhores e mais fortes cores para te convencer de que essa era a escolha certa. Sem falar no fato de que, muito provavelmente, ele também lançaria mão da tática de te mostrar o quanto você precisa daquele item (por mais fútil e inútil que seja).
Numa dessas, uma vez me dei mal. Uma vendedora de loja de roupa me convenceu que uma calça jeans ficava ma-ra-vi-lho-sa em mim. Não concordava muito, até porque a calça não era lá tanta coisa. Mas ela conseguiu me convencer. Comprei. Se eu usei três vezes foi muito.
Pois é, mas voltando para o “causo” ...
Na nossa peregrinação por projetos de móveis planejados para o nosso humilde e aconchegante apartamento, eu e o Jeiel percorremos algumas lojas na tão conhecida Rua Jurubatuba, em São Bernardo do Campo (SP). Ela concentra uma diversidade de lojas de móveis – para todos os tipos de gosto e bolso, claro.
Com a fome batendo à porta, ou melhor, fazendo nosso estômago gritar, decidimos olhar a última loja naquela área. Entramos na Espaço&Forma.
O vendedor da linha de móveis planejados SCA estava ocupado atendendo a outro cliente. Enquanto esperávamos, outra vendedora nos mostrou um pouco da linha, mas não pôde nos ajudar.
Cansados e com fome, percebemos que a espera ia longe. A solução foi deixar a planta do apartamento com nossos números de telefone e algumas observações. A gentil senhora comentou que iria repassar tudo para seu colega, que faria contato.
Isso tudo aconteceu em um sábado. Cinco dias depois, eu (a noiva preocupada em ter um bom número de projetos e orçamentos que pudessem nos dar a chance de fazer uma boa escolha) ligo para o tal representante da SCA.
Do outro lado da linha, o vendedor pergunta se conheço a SCA e se estou procurando orçamento em outros lugares. A partir daí a conversa caminhou para uma explicação sobre a qualidade da marca que ele vende e seus diferenciais em relação ao que está no mercado.
Tudo dentro da normalidade se não fosse por um aspecto:

- Quanto vocês estão dispostos a gastar?, ele pergunta

Pensei: Estranho. Ninguém até então tinha feito essa pergunta, muito menos antes de conversar sobre detalhes do projeto como quais móveis queremos, tipo de material usado, cores, formas etc.

- Estamos vendo alguns orçamentos e ainda não temos uma idéia do quanto gastar. Talvez entremos com algum financiamento, respondo

- Você conhece a nossa linha? Ela tem uma qualidade superior se comparado ao que outras marcas e lojas oferecem.

- Já ouvi falar ...

- Certo. A qualidade da nossa linha, como já disse, é diferenciada. Nosso serviço e material também. E muitas pessoas pedem um projeto para nós e depois que vêem o valor, acabam não fechando. Eles vêem até a loja e mostram o orçamento de outra loja e eu não tenho como chegar no preço dos outros. Eu não vou ter o preço que outras lojas e marcas tem, como Dellano, Todeschini ou Italínea. Até porque, eles não trabalham com MDF ... (blá blá blá)

- Entendo, ouço tentando “ler” nas entrelinhas

- Não que não façamos o projeto. Nós fazemos. Mas muitas vezes, a pessoa vê, gosta do projeto, mas esperava receber um orçamento com o valor similar ao que encontra nas outras lojas. É complicado, porque fazer o projeto demanda do nosso tempo ..., ele insiste

Pensei: Vejamos se entendi bem, o vendedor quer ter certeza de que não vai “perder” tempo comigo fazendo um projeto que eu vou recusar por conta do alto valor?

- Eu entendo, mas eu e meu noivo estamos buscando alguns orçamentos. Gostamos do vimos aí na loja e gostaríamos de um projeto.

- Ok. Eu faço para vocês, sem problema. O que você e seu noivo gostariam?

A conversa – que se tornou um tanto desagradável – seguiu sobre os detalhes do que eu e o Je queríamos para os móveis do apê.

Conclusão: um vendedor que não queria vender!
Ele simplesmente julgou que perderia tempo fazendo um projeto que eu não iria comprar. E ao invés de trabalhar pela venda, ele preferiu sondar o terreno para se certificar – de forma desagradável, diga-se de passagem – de que eu não era uma cliente cujo perfil não “bate” com o público alvo da marca ou que não iria “chorar” por um preço mais barato mostrando o orçamento das outras lojas.
Não é papel de quem vende trabalhar para que seja feita a venda? Isso não inclui falar dos diferenciais de seu produto, fazer o projeto e vender o valor dele?
Você deve estar curioso para saber em quanto ficou o orçamento com a SCA, né?
Bom, não sei. Acabamos não voltando lá depois dessa conversa simpática!


Detalhe: O vendedor também não nos procurou posteriormente para falar que o projeto estava pronto e quando iríamos vê-lo, como as outras lojas fizeram.

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